Quem dirige o Volkswagen up! entende o porquê do ponto de exclamação em seu nome. Ele realmente surpreende, de forma positiva, claro. E nós, ainda tivemos a oportunidade de avaliar duas versões do modelo: a high up! e a cross up! Com a primeira percorremos quase mil quilômetros, entre ruas e estradas de Minas Gerais e Rio de Janeiro! Já com a versão aventureira do compacto circulamos pelas cidades históricas mineiras, num percurso de mais de 600 quilômetros! Quer saber qual dos dois modelos se saiu melhor? Então leia nosso teste!
Nossa primeira semana de avaliação foi na versão high up! com câmbio manual, que tem preço inicial de R$ 39.890,00, mas que passa dos R$ 45 mil quando equipada com ar-condicionado, Maps&More (sistema de infotainment e navegação com tela touchsreen), rádio com Bluetooth, entre outros opcionais, como era o caso no nosso modelo de teste.
Dirigindo sozinha, sem nenhuma espécie de bagagem – exceto minha bolsa, típica bolsa de mulher, levinha… – o up! enfrentou as ladeiras de Belo Horizonte sem reclamar. E pensar que embaixo do capô havia um motor de apenas três cilindros! Prova de que tamanho não é documento.
Abastecido com etanol, o propulsor 1.0L MPI 12V Total Flex, da família EA 221, rende 82 cv de potência máxima, e, com gasolina, 75 cv (ambos a 6.250 rpm). O torque (que é a força que empurra o carro) máximo é de 10,4 kgfm a 3.000 rpm (etanol) e 9,7 kgfm, também a 3.000 giros. Números mais do que suficientes para um carrinho que pesa 940 quilos (um dos mais leves avaliados pelo AUTOPISTA)!
Além de ágil no trânsito do dia-a-dia, o up! tem outro grande trunfo: seu comprimento. Com 3.605 mm ele é mais curto do que a maioria dos automóveis, e, consequentemente, é mais fácil achar uma vaga na rua para estacionar. Além da boa visibilidade, ajuda na baliza o sensor de estacionamento com mostrador de aproximação na tela de cinco polegadas da central multimídia Maps&More.
Nos testes urbanos, o up! passou com louvor! Então, era hora de colocar o pé, digo, o up! na estrada. Primeira prova: o porta-malas. Comecei colocando minha bagagem para um fim de semana na Cidade Maravilhosa: uma mala grande (17,1 kg) e uma mochila (7 kg). Acrescentei as bebidas e alimentos (12 kg), e ainda sobrou espaço para a mala do meu marido (5 kg) – com perdão do trocadilho, viu, amor?
Com o peso dos ocupantes, o up! pegou estrada “carregando” um total de 181,5 kg (fora o peso dos 50 litros de gasolina no tanque de combustível). Imaginei: agora ele vai sentir. Que nada! A cada investida no acelerador o carrinho respondia de imediato.
Na BR 040, bastava ele aparecer no retrovisor do carro da frente para, em poucos segundos, ultrapassar e sumir no horizonte. Foi assim em todo o percurso (sem radar, claro) de BH até o Rio, mantendo uma velocidade de 140 km/h, e fazendo até mesmo carros com motores maiores comerem poeira!
Como vim acelerada o tempo todo, calculei um consumo não muito animador. Mas, ao fazer as contas veio a surpresa: 16,1 km/l de gasolina. Uau! Não é à toa que o nome desse compacto termina com exclamação!
Por falar em compacto, apesar das dimensões reduzidas, o up! acomoda muito bem quatro adultos. Um quinto elemento até pode ir, mas sem muito conforto por conta da largura limitada do banco traseiro. Em compensação, há espaço para as cabeças, mesmo para quem tem mais de 1,90 m, por conta da altura elevada do teto. Já as pernas ficam espremidas se os ocupantes da frente também forem altos.
VERSÃO AVENTUREIRA
Custando a partir de R$ 40.790,00, ou seja, R$ 900,00 a mais do que a versão high up!, o cross up! se diferencia basicamente no visual. Destaque fica por conta de uma moldura preta que contorna o veículo (incluindo a caixa de rodas) e outra prateada na parte central dos para-choques dianteiro e traseiro. Com esses apetrechos, o carro ganhou 20 quilos no peso final, 23 milímetros no comprimento e 4 mm na largura.
A altura também cresceu, mas apenas por conta do rack no teto (capaz de transportar cargas de até 45 kg). Pois é, nem mesmo a suspensão foi elevada nesta versão “aventureira”. Até os pneus são de uso urbano, iguais ao da versão high up!, do tipo “verdes”, com baixa resistência ao rolamento.
Mesmo já esperando uma performance idêntica ao do high up! avaliado, lá fomos nós para 10 dias de testes no cross up! Desta vez, optamos por não ultrapassar as fronteiras de Minas. Repetimos o ritual das bagagens (mas, desta vez, usando o sistema ‘s.a.v.e.’, uma prateleira que divide o porta-malas em duas partes) e caímos na estrada, rumo a Ouro Preto!
Nas curvas fechadas da rodovia que levava à cidade histórica, o cross up! apresentou a mesma excelente estabilidade, mantendo a trajetória, mesmo quando abusava um pouquinho da velocidade. Apesar de não dispor de controle eletrônico de estabilidade em nenhuma de suas versões, o compacto da Volkswagen passa muita segurança em sua dirigibilidade.
Aliás, segurança é um dos pontos fortes do modelo. Nos testes do LatinNCAP, ele obteve cinco estrelas (a máxima qualificação) para adultos e quatro para crianças, o melhor resultado já outorgado pelo órgão, sendo o carro mais seguro já fabricado na América Latina.
Seu único pecado foi a falta de um ajuste de altura nos cintos de segurança. Está certo que o banco do motorista tem a regulagem de altura, entretanto, o do passageiro não. Para minha filha de 11 anos fica inviável viajar no banco da frente, pois o cinto “pega” no pescoço.
Já com relação ao acabamento, não há o que reclamar. As peças são bem encaixadas, os plásticos de boa qualidade e as costuras nos bancos, volante e pomo do câmbio (os dois últimos revestidos em couro) bem feitas.
O painel do cross up! é idêntico ao do high up!. Até mesmo o volante com base achatada e sem nenhuma tecla de controle do rádio. Apesar disso, a ergonomia é boa, com os comandos todos às mãos do motorista, inclusive a central multimídia Maps&More, que fica presa em uma base na parte superior do console central.
Mas, voltando ao nosso teste, era chegada a hora de avaliar o conforto nas ruas de paralelepípedo de Ouro Preto. A suspensão não faz milagre e transmite as irregularidades do piso, mas sem chegar a incomodar. Na verdade, foi muito gostoso dirigir pelas históricas ladeiras e ruelas da cidade mineira com o cross up!, pena que já estava anoitecendo e era chegada a hora de voltar para Beagá.
No retorno, o comentário foi o quanto o motor de três cilindros da Volkswagen casou bem com o câmbio manual MQ200. Os engates são curtos e precisos. Além disso, o display do painel de instrumentos sempre exibe o número da marcha engatada e orienta o motorista para reduzir ou avançar a marcha, visando o máximo de economia de combustível.
E por falar em consumo, desta vez, as medições foram menos animadoras: 13,5 km/l de gasolina. Ainda sim bem razoável para um trecho movimentado, com muitas subidas e curvas.
CONCLUSÃO
Na chamada desta matéria te desafiei a descobrir qual das duas versões avaliadas se saiu melhor. Pois bem, como você pode conferir deu empate. Afinal, o que muda são apenas firulas no visual. Eu, particularmente, acho o cross up! mais simpático. Principalmente o vermelhinho, igual à versão testada – e por conta da pintura sólida, seu preço é praticamente o mesmo do high up! avaliado, que tinha pintura metálica, acrescentando pouco mais de mil reais no preço final.