Data: 07/06/2011

Toda a esportividade do Uno Sporting

Por: Amintas Vidal Gomes Neto Fotos: Amintas Vidal Gomes Neto

Quem trabalha com carros, geralmente é mais apaixonado que a maioria dos “brasileiros apaixonados por carros”. É o meu caso. Mesmo em férias, fico ligado em tudo o que vejo: desde cegonhas nas estradas (principalmente se elas estiverem levando modelos ainda inéditos) até automóveis de importação independente.

E nas minhas férias deste ano, o meu privilégio de trabalhar enquanto me divertia foi ainda maior. Por oito dias, entre as praias ao sul e ao norte de Natal (RN), avaliei o Uno Sporting, gentilmente cedido pela montadora, em um esforço conjunto da Carolina em Betim e da Francisca da Autobraz, autorizada Fiat de Natal. Aproveito este espaço para mais uma vez agradecer a atenção. Muito Obrigado.

A alcunha Sporting que já contemplou o Stillo e o Siena (versão recentemente descontinuada) e que contempla o Punto, o Idea e a Strada, agora chega ao Novo Uno. Juntamente com essa versão, a Fiat lançou a carroceria de duas portas em seu novo campeão de vendas.

UM BELO VISUAL

A roupagem Sporting do Uno é a mais elaborada e resultou no melhor conjunto estético entre todos os modelos. Faróis e lanternas com máscara negra, spoilers nos para-choques dianteiros e traseiros e saias laterais na cor da carroceria, ponteira dupla do escapamento, adesivos esportivos e de muito bom gosto nas portas, molduras coloridas nos “quadradinhos” da grade, emblema alusivo da versão, aerofólio traseiro, molduras nas caixas de rodas e pequenos extratores nos para-choques, todos em preto, dão força ao seu visual. Belas rodas de aro 15 polegadas, pintadas em grafite e com detalhes diamantados e faróis de neblina, completam as mudanças externas de série.

No interior os bancos, revestidos em tecido preto e grafite, apresentam um grafismo exclusivo em baixo relevo (na cor preta brilhante), costuras e frisos em laranja e o emblema da série bordado. Os painéis, principal e das portas, tem predominância cinza com algumas partes em preto e grafite. A moldura, que envolve o rádio, as saídas de ar centrais e o painel de instrumentos, imita fibra de carbono e casou muito bem com a proposta do carro. Os instrumentos são iluminados em um tom vermelho o que aumenta a atmosfera esportiva. O volante é revestido em couro perfurado com costuras em laranja. Merece destaque o acabamento em laranja escuro e fosco nos puxadores das portas e nos botões do ar-condicionado. Todos estes detalhes que são os principais e alguns outros menos evidentes, fazem parte do Uno Sporting e são de série. Existe como opcional um revestimento em laranja para parte dos bancos e do volante. Mesmo para quem escolher a bela e inédita cor Laranja Nemo para a carroceria, este opcional de revestimento me parece exagerado. Acho que as mudanças de “série” estão muito bem acertadas e se mexer, estraga.

Onde quer que passássemos, o visual do Uno Sporting chamava a atenção de todos. Afinal, o carro cedido pela Fiat era o Vermelho Modena que estreou no Stillo Schumacher e que é o vermelho mais próximo ao famoso “Ferrari” que nós, pobres mortais, podemos comprar. Além da cor, em minha opinião, o Uno Sporting tem o visual esportivo mais bem acertado que a Fiat já vez desde o 147 Rally, passando pelos diversos “erres” dos Unos e Palios e mesmos entre todas as versões “Sporting” de outros modelos. Com exceção do Punto T-Jet, que é uma aula de estética, o visual do Uno Sporting é o mais bem sucedido da montadora italiana no Brasil.

EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS

Além dos detalhes estéticos citados acima, o Uno Sporting traz de série direção hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricas, computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), abertura interna do porta-malas e do bocal de abastecimento, regulagem em altura da coluna de direção, entre outros.

Os principais opcionais são: ar-condicionado, HSD (High Safety Drive) Airbag duplo (motorista e passageiro) e ABS, rádio Connect CD MP3/WMA com RDS, viva-voz Bluetooth e entrada USB e outras opções de pacotes estéticos e de conveniência.

MECÂNICA “SPORTING”

Na mecânica, o Uno Sporting sofreu pequenas modificações. A nova suspensão é cerca de 20 mm mais baixa em relação às versões Vivace e Attractive, e suas molas ficaram mais rígidas. Elas reduzem as forças radiais na haste do amortecedor e os atritos internos, o que acarreta melhor absorção da aspereza do solo.

Os amortecedores também receberam características especificas. A barra estabilizadora dianteira tem maior diâmetro, e o eixo traseiro tem maior rigidez torcional. As novas rodas de liga leve, com aro de 15 polegadas de diâmetro, estão calçadas com pneus na medida 185/60 R15. Segundo a montadora, “estas soluções foram idealizadas para que as suspensões do Uno Sporting tivessem menor tempo de resposta e menor inclinação da carroceria nas curvas e também proporcionassem maior progressividade e linearidade de respostas em manobras realizadas no limite de aderência”.

O motor do Uno Sporting é o mesmo 1.4 Evo que já equipa as versões Attractive e Way. Ele rende 85/88 cv de potência aos 5.750 rpm e 12,4/12,5 kgfm de torque aos 3.500 rpm, respectivamente com gasolina e etanol.

VESTINDO O COMPACTO

O Novo Uno é acima de tudo um carro honesto e muito bem acertado. Como “futuro temporário” carro de entrada da Fiat (o Mille ainda resiste enquanto os airbags não forem obrigatórios em 100% dos carros fabricados e um sub-compacto sairá da nova fábrica Fiat no Nordeste) ele tem boa ergonomia e espaço interno entre os melhores da categoria.

O modelo testado tinha regulagem em altura do banco do motorista (opcional) e a da coluna de direção (de série) que facilitavam encontrar a melhor posição para dirigir. Os comandos de áudio, ar-condicionado e vidros ficam bem à mão. Mesmo os dos vidros que ficam no painel central e não nas portas como manda a boa ergonomia, não incomoda após se acostumar com a posição. A visibilidade é boa para frente e para trás. As colunas “C” são muito largas e prejudicam a visibilidade lateral traseira. Em compensação, os grandes retrovisores externos ajudam na condução e em manobras de estacionamento, assim como as luzes de ré que ficam em posição elevada e são tão fortes que mais parecem faróis para trás.

Quatro pessoas de até 1,70 m viajam com espaço de sobra para pernas e ombros. Acima desta estatura, não sobra tanto espaço para as pernas de quem vai no banco de trás. Já para cabeça e ombros o espaço é muito bom. Um eventual quinto passageiro fica apertado como na maioria dos compactos. O espaço para bagagem foi exato para uma mala grande, uma média e uma pequena. Mesmo assim, tivemos que usar a prática regulagem do encosto do banco traseiro que, ao deixá-lo mais na vertical, cria um pequeno, mas, valioso espaço no bagageiro.

A única ressalva à ergonomia do Uno Sporting fica por conta do conjunto de pedais.  Ele fica deslocado para a direita desalinhado em relação ao volante e o curso do pedal de embreagem poderia ser menor, mais direto como no Punto T-Jet. Além de causar certo desconforto, o longo curso do pedal não é nada esportivo.

COMPANHEIRO DE VIAGEM

Rodamos 900 quilômetros com o “vermilim”. As estradas do Rio Grande do Norte são de dar inveja a qualquer mineiro. Para o sul fomos até João Pessoa na Paraíba pela BR 101. Além das intermináveis retas, a estrada é 100% duplicada, não tem um buraco e – pasmem – não tem pedágio!

Para o norte a 101 não é duplica, mas é ainda mais reta e também não tem buracos. Apenas a RN 221 de 15 Km, que dá acesso a São Miguel do Gostoso, está com muitos buracos. Não vou me estender com roteiros turísticos, mas, São Miguel, eu recomendo a todos. Essa pequena cidade fica a menos de 100 quilômetros de Natal, tem pousadas e restaurantes ao nível de Arraial D?Ajuda e Pipa, a calma de uma cidade do interior de Minas e um mar verde turquesa. Pra quem gosta de sossego, é o paraíso na Terra.

Ao trafegar com o Uno Sporting percebe-se que a recalibragem da suspensão não roubou todo o seu conforto. Mesmo sobre ruas de calçamento ela não transmite muito as imperfeições do piso e trabalha sempre de forma silenciosa. Como um bom Fiat, mesmo o Sporting é bem confortável. As rodas grandes e o pneu de perfil baixo garantem boa estabilidade em curvas, mas, a suspensão ainda um pouco macia deixa o carro inclinar mais que o ideal para uma proposta esportiva. Mesmo inclinando ele se mostrou estável, previsível e de fácil correção direcional.

Se as modificações na suspensão dianteira não tiraram muito conforto de rodagem, o eixo traseiro mais rígido deu mais estabilidade e controle ao motorista, mas, soca em buracos e até mesmo em pequenos olhos de gatos, causando um certo desconforto aos passageiros de trás.

O motor não é o mais apropriado para as pretensões desta versão. Seria mais indicado o E-Torq 1.6 16V como era o do Siena Sporting. Se o desempenho não condiz com o visual, ele está na média dos compactos com motor 1.4. O motor é elástico e acelera o Uno de forma ágil. A alavanca de câmbio tem curso e precisão na média para o segmento. As relações entre as marchas é relativamente curta, garantindo bom aproveitamento da força do motor, mas, prejudicando o conforto acústico e a economia de combustível. Nossa média em estradas foi de 12,5 km/l e em cidade 10 km/l, sempre com gasolina. Foi interessante perceber que rodando por estradas secundárias, onde a velocidade média era menor, o carro foi mais econômico. Isso demonstra que as relações mais curtas de marcha cobram no consumo o que oferecem em desempenho.

Aos 100 km/h e em quinta marcha, o motor trabalha aos 3.300 rpm e aos 110 km/h ele trabalha aos 3.500rpm. O carro fica muito ágil em retomadas e ultrapassagens, mas, o ruído do motor em estradas chega a incomodar. Apesar de ser um regime alto de rotação, o desconforto acústico poderia ser menor se o isolamento fosse melhor. Em compensação durante toda a viagem, principalmente em estradas de terra e calçamento que davam acesso às praias mais isoladas, os painéis não apresentaram ruídos em fixação e encaixe e apenas o bagagito e a parte plástica central do volante apresentaram barulhos em algumas ocasiões.

UM UNO ESPECIAL

Não sei se ainda é o frescor do lançamento, mas, o Uno Sporting chama mais atenção que a maioria dos carros nas nossas ruas e mesmo quando estacionado entre tantos outros monocromáticos carrões importados ele ainda faz bonito. Se carro é uma compra mais passional que racional, este modelo conquista pelo visual como poucos. Analisando as poucas restrições que ele apresentou perante tantas outras virtudes, para os “brasileiros apaixonados por carros”, o Uno Sporting é acima de tudo uma tentação.

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