Autopista

Duas coisas sempre chamaram atenção no Fox: seu espaço interno muito bom e seu acabamento muito ruim. O primeiro continua o mesmo, generoso para as pernas e, principalmente, para as cabeças de todos os ocupantes — para quem não sabe, foi o Fox que inaugurou o conceito de carro compacto com teto elevado. Já o acabamento mudou, e para melhor. Agora, o Fox tem um belo e moderno painel, com porta luvas de verdade (pequeno, mas com tampa)!

As partes plásticas tem textura que conferem boa apresentação, apesar de não serem macias ao toque. Além disso, há forração parcial em tecido nos painéis das portas, bancos com tecidos em tear e costuras na cor vermelha.

O painel de instrumentos possui dois grandes e legíveis marcadores (velocímetro e conta-giros) e mais dois menores (temperatura do motor e marcador de combustível). Há ainda um display vertical que apresenta as informações do computador de bordo, som, relógico, bluetooth e câmbio.

Enfim, agora o Fox tem um interior digno de um compacto Premium, uma mudança tão bem vinda que analisamos seu lado interno antes mesmo do externo.

A PELE DA RAPOSA

As mudanças externas foram menores que as internas, mas, tão marcantes quanto. O novo Fox foi o primeiro Volkswagen nacional a adotar a nova identidade mundial da marca. Ela já estava presente no Golf e no Polo europeus e mais recentemente foi adotada no novo Touareg. Novo para-choque, faróis chanfrados e com elementos internos que separam as parábolas e lembram pálpebras, grade horizontal dividida em parte superior e parte inferior que substituem a grade vertical central “tipo Audi” que dominava boa parte dos modelos da marca, são as principais modificações na dianteira. Também são novos: para-choque traseiro (que agora incorpora as lanternas de neblina), porta do porta malas mais plana e vincada e as lanternas com o novo designinterno das luzes que acendem em forma de vírgula. Todo este conjunto faz parte desta nova identidade VW.

Nas laterais destacam-se os retrovisores que agora são vincados, maiores que os antigos e incorporam luzes repetidoras de direção (as setas) nas configurações Trend e Prime. Essas modificações conferem ao novo Fox um ar mais agressivo e masculino em substituição aodesign mais “bonitinho” da geração anterior. Além de mais atraente ele está mais harmonioso.

DETALHES POUCO COMUNS

Essa versão top tem como opcional o volante multifuncional que é igual ao do Passat CC, o orgulho da montadora no momento. Trata-se de um volante revestido em couro com excelente empunhadura e que tem os controles do som, Bluetooth e do computador de bordo. Este conjunto ainda conta com aletas localizadas atrás do volante para que as marchas sejam trocadas sem a necessidade de tirar as mãos do mesmo.

Outro detalhe raro ao segmento é um recurso que abaixa o espelho retrovisor direito quando se engata a ré para que se veja a guia ao se fazer baliza. Chave tipo canivete com controle remoto embutido que abre separadamente as quatro portas ou a porta do porta-malas, sensor de ré, sensor de chuva e crepuscular, repetidores de seta nos retrovisores externos e um teto solar que não é muito grande, mas, tem controle de abertura por um prático botão giratório que permite selecionar a posição desejada sem precisar ficar segurando-o enquanto o teto se abre, completam uma longa lista de equipamentos, raramente oferecida em modelos compactos.

CONFORTO E DIRIGIBILIDADE

O novo Fox ficou com um visual mais esportivo, mas nem por isso trata mal seus ocupantes. Apesar das rodas aro 15 e pneus 195/55 R15, sua suspensão garante um bom equilíbrio entre estabilidade e conforto principalmente considerando que ele é um hatch mais alto e com o balanço traseiro mínimo.

Explico: em geral os hatchs são menos confortáveis, pois não tem peso sobre o eixo traseiro e tendem a pular mais que os sedans, por exemplo. No caso do Fox, apesar de ser mais alto que a média, não pula tanto, é bem estável, não inclina muito em curvas e, nas retas, em altas velocidades, não oscila muito lateralmente.

Seu conforto não se compara ao de um três volumes, mas está acima da média para carros de carroceria alta e na média entre os melhoreshatchs. O que continua atrapalhando é ruído aerodinâmico que se nota quando o Fox passa dos 100 km/h. Um assobio crescente chega a incomodar em viagens, mas nada que uma boa música não resolva.

Na estrada, com dois ocupantes e pouca bagagem, o Fox foi muito confortável e seguro. O melhor custo/benefício, isto é, economia/desempenho, conseguimos com o câmbio em manual. Nesta posição e em quinta marcha, ele rodava aos 110 km/h com o motor em 3.200 rpm. Além de fazer pouco ruído, o motor foi econômico com média de 13,5 km/l, sempre com gasolina.

Para retomar velocidade em ultrapassagens ou subidas, bastava reduzir para a quarta marcha, usando a aleta da esquerda ou deslocando a alavanca de marchas para trás sem a necessidade de se acelerar mais, mantendo o ritmo de viagem com muito conforto na condução.

Na cidade o Fox é muito ágil, fácil de estacionar e sua altura ajuda na visibilidade do tráfico e, consequentemente, na boa condução urbana. O que incomoda é o tempo de reação do câmbio automatizado que demora para acoplar a embreagem e tirar o carro da inércia. Em manobras de estacionamento é preciso dosar bem o acelerador para manobrar em pequenos espaços. Apesar de ser um carro pequeno, o sensor de estacionamento ajuda bastante. Seu consumo urbano não passou de 8 km/l com gasolina, mas, praticamente só rodamos nas regiões mais acidentadas de Belo Horizonte.

CONCLUSÃO

A lista de opcionais do Fox é rara mesmo em segmentos superiores. Ele briga em pé de igualdade com o próprio VW Pólo, Fiat Punto, o Citroen C3 e o Peugeot 207, quando o assunto são equipamentos opcionais para um compacto Premium.

Apenas lhe faltam controle automático de temperatura para o ar condicionado e pelo menos mais 2 airbags para se igualar aos concorrentes. A mais que o Punto, ele oferece o câmbio automatizado, mas o Fiat terá esta opção este ano juntamente com o motor Tritec 1.6 16V, mais potente e econômico que o 1.8 atual.

O Fox é um carro bonito, esperto e muito confortável nessa versão. É certo que R$ 40.300,00 para a configuração de entrada e R$ 53.541,00 para a mais completa, não é uma versão barata. Mas, entre as diversas versões existentes, sendo uma delas mais barata com o câmbio automatizado, sempre vai existir uma que cabe no seu bolso e com certeza vale muito pelo que oferece.