Autopista

Do antigo modelo só restou o nome. O Ford Ka ainda ganhou uma versão sedan, o Ka+ (pronuncia-se Ka Mais), equipamentos inéditos na categoria, e duas opções de motorização: a 1.5 do New Fiesta e a 1.0 de três cilindros mais potente do mercado (são 85 cv de potência máxima). Tantas melhorias para atingir metas ousadas: com o Ka+, a Ford quer o seu maior volume no segmento de sedans. Já com o Novo Ka, a montadora da oval azul quer tirar a liderança do Volkswagen Gol no segmento de compactos hatchs 1.0. Será que ela consegue?

O mercado brasileiro é uma caixinha de surpresas, por isso, só mesmo o tempo irá responder a essa pergunta. O fato é que o novo Ka, não só mudou da água para o vinho, em design e motorização, como também passa a oferecer uma das melhores relações custo-benefício do segmento.

A versão de entrada, por exemplo, o Ka Hatch 1.0 SE, tem preço sugerido de R$ 35.390,00 e já sai de fábrica equipada com ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, freios ABS com distribuição eletrônica (EBD) e controle de frenagem em curvas (CBC), airbag duplo, som MyConnection com Bluetooth, entre outros itens de série.

A mesma versão, equipada com motor 1.5, sai por R$ 40.390,00. Veja como ficou a gama completa:

Não sei se você reparou, mas nos itens de série do quadro acima, não há, nem mesmo na versão top de linha, que custa quase R$ 50 mil, o retrovisor elétrico! Pois é, em todas as versões, o ajuste dos retrovisores são manuais, ou seja, o motorista terá que debruçar no banco do passageiro para ajustar o retrovisor do lado direito, toda vez que precisar de verificar a distância do meio-fio, em uma baliza, por exemplo. Se bem que, dependendo de quem estiver no banco ao lado, pode até ser interessante…

MAIS POTENTE E ECONÔMICO

Um dos pontos fortes do novo compacto da Ford está na mecânica. Segundo a montadora, o Novo Ka e o Ka+ são os mais potentes e econômicos da categoria na versão 1.0; e estão entre os líderes com o motor 1.5, ambos com selo A de eficiência energética do Inmetro/Conpet.

O propulsor 1.0 TiVCT de três cilindros e 12 válvulas supera em potência e torque concorrentes de três e também de quatro cilindros. Abastecido com etanol, ele gera 85 cv e tem torque de 105 Nm. Já com gasolina, a potência cai para 80 cv (mas ainda é das maiores) e o torque vai para 100 Nm.

Também segundo dados da Ford, o consumo dessa versão 1.0 é de 15,1 km/l de gasolina e 10,4 km/l de etanol, rodando na estrada. E no ciclo urbano, a média passa a ser de 13 km/l e 8,9 km/l, com gasolina e etanol, respectivamente.

Já o motor Sigma 1.5 16V rende 110 cv (com etanol) e 105 cv (com gasolina). Seu torque (força) máximo é de 145 Nm (etanol) e 143 Nm (gasolina), sendo que 80% dessa força já aparece aos 1.500 rpm.

Quanto ao consumo, na estrada, ele roda 13,6 km/l de gasolina e 9,5 km/l de etanol. E no ciclo urbano, 11,5 km/l e 7,9 km/l, com gasolina e etanol, respectivamente.

Mas a eficiência energética do Novo Ka e do Ka+ não se deve apenas aos motores. Contribuem para um maior economia de combustível os pneus de baixa resistência ao rolamento (pneus verdes), a direção elétrica, o ventilador do motor com baixas perdas, o ar-condicionado e alternador de alto rendimento, além do refinamento da carroceria em túnel de vento para diminuir o arrasto aerodinâmico — segundo a Ford, o coeficiente aerodinâmico do Novo Ka é de 0,338 cx no hatch e de 0,323 cx no sedan.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

A Ford organizou um test drive para os jornalistas especializados, na região de Trancoso (BA). Escolhi iniciar o teste em um modelo hatch, versão top de linha SEL, com motorização 1.0. Eu queria saber se ela era tão boa quanto a de também três cilindros do up! — hatch da Volkswagen, que a Ford não considera concorrente, por conta do tamanho.

De fato, o Ka é maior, principalmente com relação ao comprimento (são 3.886 mm contra 3.605 mm do up!). Além disso, ele tem a maior altura da categoria, cm 1.525 mm, o que explica o excelente aproveitamento do espaço interno — as cabeças dos ocupantes, principalmente do banco traseiro, agradecem!

Por falar nisso, a Ford pecou em se preocupar apenas com quem “vai na janelinha”, ou seja, faltou o quinto apoio de cabeça. Quem viaja no meio do banco de trás corre o risco de sofrer uma lesão no pescoço (ou coisa pior) em uma batida. Já o up! oferece os três apoios — em compensação, não oferece regulagem de altura dos cintos de segurança do motorista e carona, como o Novo Ka.

Mas, vamos ao que realmente interessa: quem possui o melhor motor. Para responder a essa pergunta, comecei o test drive assumindo a direção rumo ao Quadrado — não, não estou me referindo ao Fiat Uno, mas sim ao centro da vila de Trancoso, um dos cartões postais do sul da Bahia.

Aproveitei o piso ainda bom, e saí do estacionamento pisando fundo no acelerador. Sem titubear, o pequeno compacto ganhou velocidade. Segunda, terceira, quarta… quinta. As mudanças de marchas mostraram-se bem escalonadas, porém, o modelo da Volkswagen supera em maciez.

Em compensação, no que diz respeito ao funcionamento do motor, o três cilindros da Ford (pelo menos nesse primeiro contato) me pareceu ser mais suave e silencioso. Segundo a montadora, o boa performance acústica se deve, principalmente, ao cárter estrutural em alumínio e ao acionamento do comando de válvulas por correia silenciosa.

Outro ponto positivo foi com relação à suspensão. Além de ela ter filtrado bem as irregularidades do piso (e olha que não faltaram buracos nas estradas da região), segurou o carro nas curvas, sem permitir nenhuma espécie de rolagem da carroceria. Ajudaram também neste desempenho louvável, os freios ABS com controle de frenagem em curva e os controles eletrônicos de estabilidade e tração.

Por falar em segurança, o Novo Ka e o Ka+ são os primeiros veículos nacionais a contar com o assistente de emergência, um sistema que, através do celular emparelhado à central multimídia SYNC, chama o socorro (no caso o SAMU) quando o veículo sofrer um acidente em que haja o corte de combustível ou o acionamento dos airbags (saiba mais aqui: http://autopista.com.br/novo-ka-sistema-aciona-samu-acidente/).

PORTA SAPATOS

Fim do teste, hora de conhecer e fazer algumas selfies no famoso Quadrado de Trancoso. Assim que abro a porta do motorista noto um compartimento lateral no painel, próximo à coluna de direção. Como ele fica invisível (e também inacessível) com a porta fechada, tornou-se um ótimo lugar para guardar pequenos objetos, sem chamar a atenção dos transeuntes.

Por falar em guarda-trecos, o Ka dispõe de nada mais nada menos do que 21, incluindo um interessante e prático porta-sapatos do lado do passageiro da frente. Se o espaço da cabine não for suficiente para acomodar toda “tralha”, o porta-malas conta com 257 litros de capacidade.

No caso do modelo sedan, o espaço sobe para 445 litros. Mas esse vai ser tema de uma outra matéria, pois também sou filha de Deus e agora vou curtir um pouco desse paraíso chamado Bahia!

*A jornalista viajou a convite da Ford