Autopista

Há pouco tempo atrás o consumidor brasileiro comprava o carro zero quilômetro mais barato possível, os chamados modelos de entrada, hoje situados entre 25 e 35 mil reais. Nos últimos anos, com o aumento do poder aquisitivo, principalmente da “nova classe C”, os modelos completos passaram a dominar as listas dos mais vendidos, isto é, o sonho de consumo migrou para os veículos com preços que estão entre 35 e 45 mil reais.

Essa tendência é tão forte que até montadoras chinesas que chegaram ao nosso mercado para brigar na faixa de entrada com modelos importados e completos, mas de baixa qualidade, ao nacionaliza-los, estão investindo pesado na qualidade do acabamento, no design e na robustez mecânica para encarar os modelos nacionais da faixa de cima, produtos que por sinal, também ganharam melhorias nos últimos quatro anos.

Atenta às essas mudanças, a Chery lançou o “Novo Celer” nas carrocerias hatch e sedan em duas configurações bem completas. A configuração básica de ambas as carrocerias (hatch por R$ 38.990,00 e sedan por R$ 39.990,00) conta com os obrigatórios ABS e duplo airbag, ar-condicionado, direção hidráulica, travas, retrovisores e vidros elétricos nas quatro portas, computador de bordo, sensor de estacionamento traseiro, entre outros.

Já a nova configuração, a Act (hatch por R$ 40.990,00 e sedan por R$ 41.990,00), oferece a mais as novas rodas de liga leve, alarme antifurto com controle na chave, faróis de neblina, sistema Chery Media System com rádio, CD player mp3, entrada USB e seis alto-falantes. Para as duas configurações será oferecida nas concessionárias uma central multimídia com Bluetooth, GPS e TV digital com valor estimado em R$ 1.800,00.

Design Atualizado

Ambos os modelos chegaram com a última atualização no design externo e interno: novo para choque dianteiro com entrada de ar inferior única e mais recortada, grade superior sem o filete cromado, faróis menores, mais agressivos e com novo conjunto óptico elíptico e lanternas traseiras com lâmpadas em LED. Um bom diferencial para concorrer neste disputado mercado está na tampa do porta malas do modelo sedan que, por compor uma única peça com o vidro traseiro, proporciona uma abertura para bagagem tão ampla como em um modelo hatch.

Por dentro o painel foi completamente redesenhado perdendo aquela cara típica de produto chinês que mais parece brinquedo infantil do que carro de verdade. As linhas vincadas e hexagonais, as superfícies múltiplas e as cores escuras substituíram o cinza plano e arredondado da primeira versão do modelo que foi importado para o Brasil.

Ao vivo, o Celer parece maior do que seus concorrentes, mesma impressão que se tem com o Novo Palio. Os modelos têm entre-eixos de 2.527 mm, 1.480 de altura e os 1.686 mm de largura. O hatchback tem 4.188 mm de comprimento, com porta malas de 380 litros, e o sedan mede 4.333 mm, com capacidade para 450 litros no compartimento de bagagens. O tanque de ambos comporta 50 litros de combustível.

O motor é o ATECO 1.5 16V Flex produzido no Brasil. Ele rende 109cv / 113cv de potência aos 6.000 rpm e 140/152 Nm de torque aos 4.000 rpm, com gasolina e etanol respectivamente. O câmbio é manual de 5 velocidades  e, segundo a montadora, ambos os modelos atingem  175 Km/h. A suspensão é do tipo McPherson na dianteira, com mola helicoidal e amortecedor telescópico de dupla ação, e na traseira sistema semi-independente com braço oscilante longitudinal. A Chery oferece três anos de garantia e divulgará em breve um plano de manutenção que, segundo a montadora, será bem competitivo para a categoria.

Primeiras Impressões

Em breve test drive no Haras Tuiuti, complexo do piloto e empresário Cacá Clauset, pudemos conferir que o acerto mecânico, principalmente das suspensões, está bem ao gosto do brasileiro: firme sem chegar a ser desconfortável. A ergonomia é boa, mas a densidade dos bancos poderia ser maior para não cansar motorista e passageiros em viagens mais longas.

O motor responde bem para a proposta dos modelos com acelerações vigorosas e retomadas eficientes. A rumosidade do conjunto motor e câmbio chegou a incomodar, mas, no Novo Palio com motor 1.4 8v, por exemplo, o barulho do motor invade a cabine com mesma intensidade e apenas o câmbio trabalha de forma mais discreta.

Um detalhe percebido por mim e alguns outros jornalistas é que os modelos sedan disponíveis para avaliação eram mais silenciosos que os hatch, característica não confirmada pelos técnicos da montadora que acompanhavam o evento.

Por fim, os freios apresentaram reação bem imediata e em frenagem de emergência o ABS funcionou sem causar o mínimo de desvio da trajetória.

Além de ser o primeiro carro de uma montadora chinesa fabricado no Brasil, o Celer é o primeiro carro chinês produzido fora do seu país de origem. Inicialmente o índice de nacionalização é de 35% para atender ao programa Inovar Auto do Governo Federal, garantindo tributação equivalente aos produtos nacionais, mas o objetivo é atingir 70% em breve. A expectativa é vender 10.000 unidades até o fim do deste ano nas 72 autorizadas existentes e em cinco novas unidades que serão abertas nos próximos dois meses.

*O jornalista viajou a convite da Chery do Brasil