Data: 29/09/2016
Antes tarde do que nunca!
Esperado no lançamento do caçula Mobi, em abril, motor de 3 cilindros só estreia este mês na linha 2017 do Uno
O “novo” Uno foi reestilizado há exatos dois anos. Em setembro de 2014 ele ganhou muitas mudanças visuais para ficar com o design mais atual, mas manteve os três quadradinhos frontais que o caracterizava desde seu lançamento em 2010.
A Fiat lançou o Uno 2017 com pequenas alterações externas, a mais evidente, a eliminação dos quadradinhos. Para-choque dianteiro, grades, novas rodas para as versões Way e Sporting e novos adesivos para a Sporting completam as mudanças. O design interior que sofreu grandes alterações em 2014 manteve-se igual e apenas o grafismo do painel de instrumentos foi renovado.
MOTOR
Não por acaso, a nova família de motores foi a grande estrela do lançamento. Composta por um 1.0 de três cilindros e por um 1.3 de quatro, ela foi batizada de Firefly. Desenvolvida e produzida inicialmente em Betim em um novo galpão de 22 mil metros quadrados, totalmente robotizada, esta planta tem capacidade para produzir 400 mil motores por ano.
Ao contrário da concorrência que apostou nos motores de 3 cilindros com duplo comando e 4 válvulas por cilindro, a Fiat optou em diminuir o número de peças e consequentemente atrito e peso na busca por eficiência e confiabilidade. Outra grande sacada foi fazer os dois motores com as mesmas medidas de diâmetro e curso dos cilindros, isto é, o motor de três cilindros é praticamente igual ao de quatro sem um cilindro. Contudo, diversas peças são as mesmas para os dois, como os pistons, bielas, todas as peças individuais do comando de válvulas, entre outras. Além do ganho econômico no custo de produção, existe a redução do custo de manutenção também.
Para alcançar a eficiência dos motores de três cilindros da concorrência, a Fiat agregou outras tecnologias aos seus motores: sistema de combustão com alto nível de turbulência e posição otimizada das velas que permitiram estabelecer a mais alta taxa de compressão da categoria (13,2:1), variador de fase hidráulico que atua no comando de válvulas otimizando o funcionamento do motor quando ele não é muito exigido pelo condutor (diminuindo ainda mais o consumo), virabrequim descentralizado que permite ângulos variados das bielas nas diferentes fases de funcionamento do motor. O comando é feito por corrente que não exige manutenção por toda a vida útil do motor e os bicos injetores dispensam o uso do tanquinho de gasolina para partidas a frio.
Toda essa tecnologia resultou nos motores com maior torque da categoria, no 1.0L, 10,4 / 10,9 kgfm e no 1.3L, 13,7 / 14,2 kgfm, sempre aos 3.250 rpm com gasolina e etanol respectivamente. A potência do 1.0L é 72 / 77 cv e do 1,3L é 101 / 109 cv, sempre aos 6.000 rpm com gasolina e 6.250 com etanol respectivamente. No caso do 1.3L, ele é o motor aspirado com a maior potência específica (82cv /l) entre os motores 1.2 e 1.6L fabricados no Brasil.
EQUIPAMENTOS
O Mobi foi lançado em abril deste ano com preços muito próximos aos do Uno. Para reposicionar o irmão mais velho, a Fiat lançou a linha 2017 apenas em versões completas e com alguns equipamentos raros nesta categoria. São seis as versões disponíveis: Attractive 1.0 (R$41.840), Way 1.0 (R$42.970), Way 1.3 (R$ 47.640), Sporting 1.3 (R$ 49.390), Way 1.3 Dualogic (R$ 51.990) e Sporting 1.3 Dualogic (R$ 53.690). Todas as versões são oferecidas apenas na carroceria de 4 portas.
A Attractive 1.0 é equipada com direção elétrica com função CITY (deixa a direção ainda mais leve para manobras de estacionamento), ar-condicionado, vidros dianteiros e travas elétricas, farol de neblina, airbag duplo, ABS, encosto do banco traseiro bipartido, computador de bordo, regulagem de altura do volante, entre muitos outros itens de série.
A versão Way 1.0 oferece além dos equipamentos acima, o acabamento estilo aventureiro composto por barras longitudinais no teto, detalhes internos na cor grafite, faróis com máscara negra, maior altura em relação ao solo, molduras das caixas de roda na cor cinza, frisos laterais das portas com inscrição Way, lanternas traseira com acabamento fumê e retrovisores externos com luzes indicadoras de direção.
A versão Way 1.3 oferece os itens de série da versão Way 1.0 e acrescenta sistema Start&Stop, chave canivete com telecomando de abertura e fechamento de portas e vidros elétricos, rádio RDS com entrada auxiliar e entrada USB para MP3/WMA.
A versão Way 1.3 Dualogic tem o câmbio acionado por botões no lugar da tradicional alavanca com paddle shift, borboletas atrás do volante para troca manual das marchas, o Hill Holder (sistema que mantém o freio acionado por segundos, antes que o motorista acione o acelerador, para auxiliar as arrancadas em aclives) e os importantíssimos sistemas eletrônicos ESC (controle de estabilidade eletrônica), TC (controle de tração) e ASR (sistema antitravamento das rodas em frenagem).
O Uno Sporting 1.3 traz os conteúdos da Way 1.3, assim como sua variante com câmbio Dualogic e mais itens específicos da versão: suspensão com acerto esportivo, spoiler na tampa traseira na cor preto brilhante, rodas de liga leve 15 polegadas, ponteira de escapamento dupla central cromada, grade dianteira na cor preto brilhante, para-choque dianteiro com detalhes em vermelho, maçanetas externas e retrovisores em preto brilhante, faixas laterais exclusivas com escrita Sporting, faixa horizontal no painel e detalhes do interior, maçanetas, quadro de instrumentos e aplique do volante na cor Vermelho Royal.
Todas as versões oferecem dois pacotes de opcionais diferentes: Kit Comfort (itens mais voltados para conforto) e Kit Tech (composto com vários conteúdos tecnológicos). O mais importante é que, com estes opcionais, qualquer modelo pode ser equipado com os sistemas eletrônicos ESC (controle de estabilidade eletrônica), TC (controle de tração) e ASR (sistema antitravamento das rodas em frenagem) e ainda contar com 3 encostos de cabeça no banco traseiro e cinto de três pontos para todos os ocupantes, equipamentos realmente incomuns nesta categoria no Brasil.
TESTANDO OS NOVOS MOTORES
Andamos em versões com os dois motores e os dois câmbios. Os motores Firefly são claramente superiores aos antigos Fire. O 1.0 de três cilindros surpreendeu por contradição: ao ser ligado ele vibra mais que os concorrentes, mas após ligado e em marcha lenta, ele é o que menos vibra entre todos. Com o Uno em movimento a vibração torna-se imperceptível e o isolamento acústico é muito bom, ao ponto de abafar o som característico destes motores. Para muitos isso será uma vantagem, mas para quem gosta de ouvir este som semelhante aos 6 cilindros do Chevrolet Opala, o jeito é abrir os vidros. O desempenho do Uno é muito bom e fica na média do VW up! e do Ford Ka, que são equipados com os melhores 3 cilindros 1.0 aspirados, até então, a venda em nosso mercado. Se em desempenho o Uno terá fortes concorrentes, em economia de combustível ele irá dar trabalho. Em um trajeto de 23 km entre a saída de Lagoa Santa e o Hospital Risoleta Tolentino Neves, alcançamos um consumo de 25,5 Km/l de gasolina, andando da forma mais econômica possível e em velocidades entre 75 e 100km/h.
O motor 1.3 de quatro cilindros deu vida nova ao Uno, principalmente para a versão Sporting. O carro continua mais esportivo visualmente que mecanicamente, mas agora é possível acelerar e retomar com mais vigor e com menos barulho, característica ruim do motor Fire 1.4.
O câmbio manual de 5 marchas continua bem escalonado, mas ainda apresenta um curso de alavanca longo e engates um pouco imprecisos. Mesmo quando equipado com o câmbio automatizado, o ganho esportivo se mantém. O Dualogic, que vem sendo atualizado continuamente, melhorou um pouco mais e vez uma boa parceria com este motor de 109cv. Respondendo rápido ao comando dos paddle shift ele chega a ser mais interativo que a maioria dos câmbios automáticos comuns. Sabendo dosar o pé no acelerador entre as trocas de marchas, ele praticamente não dá trancos. Já, abusando do pé direito, não há automatizado de embreagem simples que não reclame.
Em conforto de marcha ele continua com o bom acerto feito junto à reestilização de 2014. O isolamento acústico parece ter melhorado, mas adoção de defletores aerodinâmicos sob o monobloco e de pneus super verdes também podem ter contribuído para a diminuição dos ruídos por deslocamento.
O Uno sempre foi uma boa opção de compacto, mas vinha sofrendo com lançamentos mais modernos da concorrência, tanto que suas vendas caíram bastante nos últimos anos. Parte de sua defasagem, os motores, foi corrigida agora e de quebra ele ganhou equipamentos que a maioria dos seus adversários não oferece nem como opcional. Além disso, ele ganhou pequenas mudanças visuais que o deixaram mais bonito, parecido com o seu primo europeu, o Fiat Panda. Com tantas mudanças ele está pronto para voltar a brigar na parte de cima da tabela do mercado brasileiro.