Data: 20/03/2017

Nova Frontier: bem “armada” para brigar na ponta do segmento

Por: Amintas Vidal, de São Paulo

A nova Frontier está longe de ser tão marcante esteticamente como a geração 10, fabricada no Brasil entre 2002 e 2007. Ela tinha uma frente inspirada em “uma mão fechada, calçada com luvas de Box”, algo totalmente inovador para a época. O resultado, com o perdão do trocadilho, foi impactante e suas vendas nunca foram tão expressivas.

Por outro lado, essa geração 12 tem o design mais equilibrado de todos os tempos. Seguindo a mesma cartilha das outras montadoras, suas laterais apresentam caixas de rodas muito destacadas, capô com ombros altos e diversos vincos. A diferença é que na Frontier a receita não desandou.  Nela, todos esses elementos são proporcionais e formam um conjunto harmônico em que as partes se interligam pelos vincos resultando em um desenho dinâmico. Este acerto é comum em carros e SUVs, mas raro em picapes.

Na dianteira o mesmo equilíbrio entre todos os elementos, mas nenhuma ousadia como na geração 10. A grade que continua cromada, mas agora é mais estreita, ainda apresenta a assinatura da marca, o “V Motion”, porém de forma mais discreta. Os faróis que incorporaram luzes diurnas em LED seguem as linhas traçadas pela grade e passaram a invadir mais as laterais da picape. O para-choque dianteiro, todo pintado na cor da carroceria e sem detalhes em cinza, ficou mais alto e robusto com o estreitamento da grade e dos faróis. Os faróis de neblina receberam molduras cromadas que acompanham o desenho trapezoidal dos demais elementos do conjunto dianteiro.

A tampa da caçamba também recebeu vincos, sendo o principal alusivo ao “V Motion”.  O para-choque traseiro é cromado e segue o desenho vincado como o da grade dianteira. As lanternas com luz de freio em LED estão maiores e também invadem mais as laterais da picape.

Os retrovisores externos eletricamente rebatíveis, com luzes de direção e sistema de desarme em caso de colisão são cromados, assim como as maçanetas das 4 portas. O rack de teto e os estribos laterais têm acabamento em cor de alumínio. Para-barro rígidos para as quatro rodas e protetor da base dos radiadores, injetados em plástico preto, completam o visual externo da Frontier.

MAIS LEVE, PORÉM, NÃO MENOS ROBUSTA

Em relação à última geração, a nova Frontier perdeu peso. Foram menos 44 kg no chassis, 94 kg na carroceria e menos 38 kg em outras partes diversas. Apesar de mais leve, sua estrutura está 4X mais rígida graças a utilização de aços especiais, da construção do chassi com uma arquitetura interna em duplo “c” e de 8 barras transversais que formam uma estrutura mais resistente às tensões de torção que são tão frequentes neste tipo de veículo. Seu peso total bruto ficou em 3.035 Kg.

Suas dimensões são as seguintes: 5,25m de comprimento, 1,85m de largura e praticamente a mesma medida em altura, 3,15m de distância entre eixos.  Já a caçamba apresenta as seguintes medidas internas: 1,52m de comprimento, 1,56 de largura, 1,13 de largura entre as caixas de roda, altura máxima de 0,47m. Seu volume total é de 805 litros, sua capacidade de carga é de 1.050 Kg e em seu tanque de combustível cabem 80 litros.

CORPO DE PICAPE, CONFORTO DE SUV

O design do interior da Frontier, assim como o seu comportamento dinâmico, está mais próximo aos dos carros de passeio que nunca. Os painéis e console que também apresentam formas em “v” envolvem os ocupantes ao se interligarem, como acontece em sedans de luxo. Os bancos, apoios de braço, volante e manopla do câmbio automático são revestidos em couro com costuras em linha branca. As demais peças são feitas em plástico rígido, sendo a grande maioria preta e texturizada e algumas com acabamento prata ou cromado. Os bancos seguem o conceito de design “Gravidade Zero”, inspirados na tecnologia desenvolvida pela NASA para eliminar a fadiga e melhorar o conforto para os usuários. Os bancos dianteiros contam com aquecimento em dois níveis e o do motorista tem regulagem elétrica para todas as funções.  O banco traseiro é rebatível, além de abrigar ferramentas e macaco sob o assento.

Entre os equipamentos a bordo o destaque é o multimídia Nissan Multi-App. Com uma tela touch screen de 6,2 polegadas, este sistema opera de forma independente e não necessita do “espelhamento” de um smartphone para levar os itens do aparelho para o carro, como acontece em muitos equipamentos disponíveis no mercado. Ele oferece a possibilidade de baixar um grande número de aplicativos e transferir arquivos digitais de música e fotografia por conta dos 2 Gb (8 Gb built-in) de espaço disponíveis. Com ele é possível acessar a internet (por meio da contratação do serviço à parte ou utilizando o smartphone como roteador); conectar o celular para atender ligações por viva-voz (via Bluetooth); ouvir música por meio da conexão com iPod, streaming, rádio ou arquivos digitais de mp3; tocar CDs e DVDs; além de visualizar fotos e vídeos. Também conta com navegador por GPS que poderá ser atualizado frequentemente via internet, mostra as imagens da câmera de ré do veículo e dispõe de rádio AM/FM.

A lista de itens de conforto e conveniência ainda inclui ar-condicionado automático digital Dual Zone com saída  para o banco traseiro, chave inteligente presencial (I-Key) com sistema eletrônico de ignição (botão Push Start) e abertura das portas sem o uso da mesma, controle de velocidade de cruzeiro com comandos no volante, escurecimento manual de retrovisor interno, painel do computador de bordo configurável e colorido em TFT de 5 polegadas, para-brisa com proteção “UV”, tomada de 12V no console central (2) e no painel acima do rádio (1) / entrada USB no console (2), Vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico, entre muitos outros.

SOB CONTROLE

 A Nova Nissan Frontier conta com o Vehicle Dinamic Control (VDC), que reúne os importantíssimos controles eletrônicos de estabilidade e de tração, mas economizou ao oferecer apenas os obrigatórios airbags frontais, cinto sub-abdominal para o quinto passageiro e nem mesmo o terceiro encosto de cabeça para sua segurança. Áreas de deformação programada em caso de impacto, trava de segurança para crianças nas portas traseiras e alarme com imobilizador estão entre os itens de segurança da picape.

 Três tecnologias ajudam no off-road, além da tração 4×4. O Sistema Inteligente de Partida em Rampa (HSA), o Controle Inteligente de Descida (HDC) e o limitador de diferencial (LSD).

O HSA impede o carro de andar para trás quando está em um aclive. O sistema detecta a situação, mantém a pressão de freio por até três segundos depois que o pé do motorista solta o pedal do freio. Ele funciona com a alavanca de mudanças nas posições “drive” ou ré.

O HDC atua até a velocidade máxima de 25 km/h, sem que o condutor tenha de tocar no pedal do freio. Quando ligado o sistema – por meio de um botão no painel –, o veículo desce usando os sistemas ABS e EBD para controlar a velocidade de cada roda. Se o veículo acelerar sem interferência do condutor, o HDC aplicará automaticamente os freios para diminuir a velocidade.

O LSD é um sistema que aumenta o controle do veículo, a estabilidade e evita que as rodas patinem. Se perceber que uma das rodas está deslizando, ele a freia automaticamente e manda a potência extra às rodas com mais tração.

O sistema de tração Shift On The Fly evoluiu e continua presente na Nissan Frontier. Com opções de tração integral e reduzida, é acionado com o simples girar de botão no painel com o carro em movimento até 100 km/h (antes era até 80 km/h), em qualquer tipo de terreno.

A suspensão traseira multilink com molas helicoidais (única entre os concorrentes diretos) que trabalha em conjunto com um eixo rígido colabora na eficiência deste sistema de tração. Ao optar por essa solução, a Nissan quis oferecer um excelente balanço entre o conforto no passeio e alta estabilidade, sem abrir mão das capacidades no fora de estrada e no transporte de cargas.

Além disso, essa suspensão é mais simples na manutenção e oferece maior durabilidade com as mesmas características de capacidade de carga da opção anterior. Outra vantagem é a redução da sensação de flutuação do veículo em velocidade de cruzeiro e no impacto do terreno para o interior. É uma estrutura leve, mas com muita rigidez lateral. Já a suspensão dianteira preserva a arquitetura com braço duplo assistido por barra estabilizadora.

Apesar de ser um produto global, a Nova Nissan Frontier foi exaustivamente testada no Brasil para adaptar o utilitário da melhor forma possível às condições do pavimento brasileiro. Uma delas foi a elevação da altura da suspensão.

Nos freios, o sistema de ABS com assistência de frenagem (BA) da Nova Nissan Frontier garante a variação da força de frenagem para evitar a falta de aderência dos pneus ao chão, enquanto o controle eletrônico de frenagem (EBD) determina quanta força deve ser aplicada a cada roda para parar o veículo a uma distância segura e sem perder o controle. Além disso, o BA é capaz de detectar quando o motorista está enfrentando uma situação de emergência e, se necessário, alcançar a máxima intensidade para garantir a segurança.

O trabalho da engenharia da Nissan nos testes no Brasil, e em vários países latino-americanos, foi intenso. Foram mais de um milhão de quilômetros rodados para testar e validar a confiabilidade do novo produto. Além das avaliações em laboratórios e em pistas da Nissan no Japão, Estados Unidos, Europa, Tailândia e México, os testes passaram ainda por cinco expedições nos Andes, incluindo alturas extremas na fronteira entre Argentina e Chile, Bolívia, Equador e Peru.

Segundo a montadora, a Nova Nissan Frontier conta com os melhores ângulos de saída e entrada (27,2º e 31,6º, respectivamente) e vão livre (292 mm). Para evitar danos na parte de baixo, há uma placa de ferro que protege o veículo por toda a parte inferior, evitando avarias em peças como cárter, radiador, motor, tanque de combustível, etc.

Outros diferenciais da Nova Nissan Frontier estão na caçamba. Além da tomada de 12V localizada no lado interno esquerdo, a área de carga conta com o inteligente “Nissan C-Channel”. São quatro alças de apoio móveis – correm em trilhos para encontrar a melhor posição – que facilitam a fixação de cargas que necessitem de amarração. Com a mobilidade das peças, é possível encontrar o melhor local para fixar cordas, por exemplo.

NOVIDADES EMBAIXO DO CAPÔ

A Nissan Frontier está equipada com o motor diesel 2.3 biturbo que desenvolve 190 cavalos de potência e entrega 45,9 kgfm de torque. Nele, a injeção direta conta com 2.000 bar de pressão. Seus dois turbos trabalham em regimes de rotação do motor diferentes para permitir progressividade na aceleração. Assim, o de maior pressão atua junto com o de menor no arranque e trabalha até a rotação estabilizar desligando-se e deixando o de menor pressão sustentando o motor em velocidade de cruzeiro.

A pressão do óleo do novo motor é otimizada por conta do controle elétrico, reduzindo possíveis perdas causadas por fricção e tornando muito eficiente o consumo. No fora de estrada, o torque e potência máximas chegam em baixas rotações para entregar a força quando necessário. Como característica conhecida da Nissan, o novo motor traz corrente ao invés de correia.

Este motor trabalha em conjunto com a nova transmissão automática de sete velocidades que oferece trocas de marchas no modo sequencial na alavanca de câmbio. Uma relação mais curta nas primeiras velocidades garante acelerações inicial e média mais ágeis.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Em um pequeno, mas exigente, circuito off-road, pudemos testar o comportamento da Frontier. A primeira coisa que chamou a atenção foi sua capacidade de esterço. Seu raio de giro de 12,4 metros é muito bom para uma picape.  Ao passar sobre o obstáculo “caixa de ovos” sua estrutura se mostrou bem rígida, pois o chassi não apresentou sinais de torção excessiva. Ao subir uma pequena rampa, mas bem inclinada, a reduzida deu conta do recado sem deixar as rodas patinarem e, ao parar no meio da mesma, o sistema HSA não permitiu retrocesso da picape na reaceleração. A mesma eficiência foi obtida pelo sistema HDS em uma decida mais inclinada que essa primeira rampa. O mais interessante é observar que, mesmo nessas condições desfavoráveis de pavimentação, o rodar se mostra muito confortável, mais próximo ao encontrado em carros e longe dos oferecidos por picapes de 20 anos atrás.

Em grandes rodovias e estradas secundárias, rodamos por um trecho de 90 km, dirigindo apenas a metade do mesmo. Neste breve contato foi possível observar que a Nova Frontier é muito confortável e a suspensão traseira multilink com molas helicoidais realmente faz muita diferença em comparação às tradicionais que contam com fecho de molas. As oscilações verticais da carroceria ocorrem em menor amplitude e frequência, garantindo um rodar mais muito mais estável.

O conjunto motor e câmbio trabalha em harmonia. As acelerações são eficientes e as trocas de marchas suaves. Assim como na maioria destes câmbios automáticos com possibilidade de trocas sequenciais, a operação é limitada pela eletrônica. Tanto seu avanço como as reduções são bloqueadas quando há a possibilidade de falta de força motriz ou de se atingir uma rotação excessiva para o motor. Mas é melhor ter esse recurso e poder interferir na marcha utilizada para aproveitar o freio motor ou fazer ultrapassagens com mais segurança, por exemplo.

O isolamento acústico é bom, mas deixa o ruído do motor invadir a cabine nas rotações mais elevadas. Em rotação de cruzeiro o silêncio é garantido. A ergonomia é muito boa com todos os comandos à mão e o banco é realmente acertado para uma posição correta ao volante.

VALE QUANTO PESA

Inicialmente importada do México, a versão de topo de linha LE, já pode ser encontrada nas concessionárias da marca em todo País, por um preço sugerido de R$ 166.700. Além da cor Laranja Imperial (a das fotos), o modelo é importado nas corers sólidas preto, branco e vermelho, além das metálicas cinza e prata.

A partir de 2018, a Nissan Frontier será montada na Argentina e contará com novas versões e conjuntos mecânicos.

*Jornalista viajou a convite da Nissan do Brasil

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