Autopista

Se você convive com crianças ou adolescentes, certamente já deve ter ouvido falar em um joguinho eletrônico chamado Minecraft. Nele, o jogador se faz de Deus e cria seu próprio mundo, com montanhas, lagos, animais, enfim, tudo o que a imaginação permitir. Mas tudo é feito usando blocos. Isso mesmo! Até a vaquinha, coitada, é formada por cubos! Um horror! No entanto, há quem goste. E se esse é o seu caso, certamente você vai amar as novas lanternas traseiras do Novo Uno, que ganharam um conjunto de lentes com efeito fractal, bem ao estilo Minecraft. Eu, particularmente, detestei.

Mas gosto não se discute e, felizmente, as demais mudanças no design externo do Novo Uno foram mais sutis. Na verdade, daria até para fazer o jogo dos sete erros, entre o Uno 2015 e seu antecessor! Mas vamos deixar esses jogos infantis de lado e ter um papo de adulto indo direto ao que realmente interessa: as melhorias que o pequeno hatch mineiro recebeu para fazer frente à concorrência (principalmente do VW up! e do novo Ford Ka).

Para isso, é preciso entrar no carro. Sim, as novidades estão todas lá, no interior do Novo Uno. E uma das que mais chamam a atenção é um opcional (de R$ 2.980,00) disponível apenas nas versões Way 1.4 e Sporting 1.4: o câmbio Dualogic Plus sem alavanca. Isso mesmo! Sem alavanca! Em seu lugar, a transmissão é controlada por botões no console central — inspirado nos consoles utilizados pelas Ferraris — e por padle shifts (borboletas) atrás do volante para mudar as marchas manualmente.

Dirigindo o Novo Uno pelas vias de Buenos Aires, pude avaliar melhor o novo câmbio. Além de a Fiat ter otimizado as trocas (com menos trancos agora), o fato de não ter mais a alavanca facilitou o engate da ré em manobras. Isso porque, com a alavanca, muitas vezes, a ré simplesmente não entrava de imediato. Era preciso tirar a alavanca do D (drive), empurrar para frente até o N (neutro) para só então descer com a alavanca e encaixar no R (ré). Agora, basta um simples clique no botão R! Uma maravilha!

START&STOP

Outra grande evolução do Novo Uno que pude testar nas ruas da capital portenha foi o sistema Start&Stop (S&S). O recurso, exclusivo da nova versão Evolution 1.4 equipada com câmbio manual, desliga e religa o motor automaticamente durante paradas no trânsito, proporcionando uma redução de 20% no consumo de combustível — pois é, eu que sou igual a São Tomé e só acredito vendo, também truquei essa porcentagem, até a hora em que a Fiat fez uma demonstração usando um preciso marcador de consumo instantâneo e um dinamômetro de carro, simulando um percurso urbano: com o Start&Stop a economia foi até maior do que 20%.

Mas eu queria mesmo era sentir pessoalmente esse liga e desliga, e lá fui eu de volta para as ruas, assumindo, agora, a direção do Novo Uno Evolution. Mas a lei de Murphy resolveu ser implacável e nenhum semáforo se prontificou a ficar vermelho. Eu já estava ficando vermelha de raiva quando finalmente o semáforo fechou! Aleluia! Parei o carro, coloquei ponto morto e… o carro morreu? Que nada! Foi o Start&Stop entrando em ação, e com muita suavidade! Poucos segundos depois, o sinal abriu, pisei novamente na embreagem e, imediatamente, o motor do Novo Uno voltou a funcionar!

Pois é, ao contrário de outros sistemas encontrados no mercado, o Start&Stop da Fiat depende do pedal da embreagem. Para o motor desligar, é preciso parar o carro, pisar na embreagem e engatar o ponto morto. Ele irá religar assim que o pedal da embreagem for acionado novamente ou se o tempo parado exceder os 165 segundos. Agora, se o ar-condicionado estiver ativado esse tempo cairá para 60 segundos.

E para garantir que tudo funcione direitinho, todo o sistema de partida do carro foi reformulado, desde o motor de arranque — desenvolvido especialmente para funcionar com mais frequência — até a bateria com tecnologia que garante partidas e recargas mais rápidas. Embaixo do capô, só um detalhe contrasta com tanta inovação: o arcaico tanquinho reserva de gasolina para partida a frio. Pois é, enquanto os concorrentes já oferecem sistemas mais modernos de aquecimento do etanol, a Fiat ainda insiste nessa peça de museu!

INTERIOR MAIS FUNCIONAL

Quando eu disse no começo da matéria que o interior do Novo Uno é todo novo eu não estava exagerando. Desde o console central, passando pelos painéis das portas até os bancos, tudo, tudo mesmo mudou. E mudou para melhor! A ergonomia foi aprimorada com a transferência dos comandos dos retrovisores e dos vidros elétricos (inclusive dos traseiros) para a porta do motorista.

A leitura do quadro de instrumentos também foi aprimorada com o novo desenho composto por um display de LCD de 3,5 polegadas moldurado sobre um gigantesco velocímetro central. Dependendo da versão, oferece informações do computador de bordo, Bluetooth, e até indicação para trocar de marcha. Também nas versões mais completas, o volante é multifuncional.

A segurança também foi revista com a introdução do banco traseiro com três apoios de cabeça e três cintos de segurança de três pontos (isso mesmo, até para quem viaja no meio do banco!). Mas, infelizmente, trata-se de um item opcional.

Por falar nisso, muitas das novidades boas do Novo Uno são opcionais (como o sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico e os retrovisores elétricos com função Tilt Down, que rebate automaticamente o retrovisor direito ao acionar a ré) ou vendidas como acessórios (como a moderna central multimídia com GPS e TV digital e o funcional sistema de áudio com suporte ajustável para smartphone Easy 4U).

De série, a versão de entrada do Novo Uno, a Attractive 1.0, por exemplo, vem apenas com os obrigatórios airbag duplo e ABS com EBD e direção hidráulica. Ar condicionado é opcional até mesmo na top de linha Sporting. Veja como ficou a gama do Novo Uno 2015:

Com todos os opcionais, o preço do Novo Uno Attractive 1.0 salta de R$ 30.990,00 para R$ 40.512,00 enquanto a versão Sporting, de R$ 36.650,00 vai para R$ 46.935,00. Caro, porém competitivo, já que os concorrentes também não estão praticando preços muito melhores do que isso. Afinal, na atual conjuntura, parece ser mais fácil inventar um cubo redondo para o Minicraft do que baratear o preço do carro no Brasil.

*A jornalista viajou a convite da Fiat Automóveis