Autopista

Em sua quarta geração, o utilitário esportivo urbano da Toyota ganha design inovador, mais espaço, novas motorizações e transmissões, além de preços mais competitivos.

Quando as primeiras fotos do novo RAV4 caíram na internet, minha amiga Márcia, que tem um RAV4 2012, disparou: “Não gostei, prefiro o meu com o estepe na traseira”. De fato, o pneu sobressalente do novo modelo mudou de endereço: agora está sob o assoalho do bagageiro, bem escondidinho. Mas tenho que discordar da minha amiga. Pelo menos ao vivo e em cores, essa nova geração do utilitário urbano da Toyota está mais atraente do que nunca!

Baseado no conceito “keen look” (olhar aguçado), o desenho exterior mostra a nova identidade visual dos veículos da Toyota, que estreou no Novo Auris e que dará o tom em grande parte dos modelos da marca (inclusive no novo Corolla). Dianteira, traseira e lateral mesclam formas côncavas e convexas, criando um desenho elegante e arrojado. Nem lembra o antigo modelo.

Mas a grande vantagem do novo design é que, com a saída do estepe na traseira, a abertura da tampa do porta-malas passou a ser vertical, o que facilita o acesso ao bagageiro, além de contribuir — e muito — para a melhoria da visibilidade traseira em manobras. E isso sem falar que, em caso de colisão traseira, é menos prejudicial. E aí, Marcinha, ainda prefere o seu?

MAIS CONFORTO PARA OS OCUPANTES

Internamente, mais mudanças. O painel dianteiro assimétrico lembra muito o do arquirrival Honda CR-V (disposição dos equipamentos, tamanho das peças e revestimentos são muito semelhantes). Predominantemente em tom preto, o interior ganhou detalhes em prata, proporcionando um toque ainda mais esportivo e sofisticado ao SUV da Toyota.

O quesito conforto também não foi esquecido. Os bancos dianteiros, por exemplo, foram redesenhados. As larguras do encosto e do assento foram aumentadas para expandir a área de contato com o corpo dos ocupantes. O encosto cresceu em 30 mm e o assento em 20 mm com seu ângulo inclinado em mais 2º. Além disso, o volante recuou mais 40 mm, fazendo com que o motorista tenha melhor ergonomia ao dirigir.

Os bancos dianteiros também ficaram mais finos, o que garantiu um aumento de 41 mm no espaço para os passageiros do banco traseiro, mesmo mantendo a mesma medida do entreeixos da versão anterior (2,66 mm). Além de contar com apoio de cabeça e cinto de três pontos (como os demais ocupantes), quem viaja no meio do banco ganhou mais espaço para as pernas com o assoalho mais plano, sem o protuberante túnel central.

Outras melhorias feitas nesta nova geração foram com relação ao isolamento acústico e às suspensões. Tanto a traseira (independente tipo Double Wishbone com barras estabilizadoras) quanto a dianteira (independente do tipo McPherson com barras estabilizadoras) receberam reforço estrutural para atenderem às condições brasileiras de rodagem. O resultado foi, além do maior conforto, melhor dirigibilidade e segurança.

NOVOS MOTORES E TRANSMISSÕES

Mas o grande trunfo desta nova geração do RAV está embaixo do capô: o motor Dual VVT-i 2.0 (145 cv de potência e 19,1 kgfm de torque) com transmissão automática CVT (que modula 7 velocidades no modo manual sequencial) e o propulsor Dual VVT-i 2.5 (179 cv e 23,8 kgfm) com transmissão automática Super ECT de 6 velocidades.

Pesando em média 14 quilos a menos do que sua versão anterior, os dois novos conjuntos mecânicos combinam respostas ágeis com baixo consumo de combustível. De acordo com medições do INMETRO, os motores do Novo RAV4 ganharam notas “A” (2.0) e “B” (2.5) em eficiência no consumo de combustível. Veja os números abaixo:

Os principais responsáveis por essa eficiência no consumo de combustível são o sistema de aceleração ETCS-i e o sistema de admissão de ar ACIS. O ETCS-i é um sistema em que o acelerador possui um controle eletrônico “inteligente”, onde somente a gasolina necessária é utilizada para movimentar o veículo. Já o ACIS é um sistema com dupla admissão de ar, uma para velocidades de cruzeiro e outra para acelerações mais bruscas.

Mas a cereja do bolo é, sem dúvida, a transmissão automática CVT. Controlada eletro-hidraulicamente, essa transmissão continuamente variável seleciona sempre a melhor relação entre o giro do motor e sua velocidade. Ao acelerar o Novo RAV4, a temperatura de fluído da transmissão gera a pressão que move a correia entre as relações de marcha em duas polias. Além do baixo consumo de combustível, essa tecnologia computadorizada resulta em trocas suaves (sem trancos ou variações de velocidades), melhor dirigibilidade e menos suscetibilidade a manutenção.

Apesar de oferecer trocas menos suaves, a outra transmissão, a automática Super ECT de 6 velocidades, traz a tecnologia Eletronic Control Transmission, que analisa as condições de uso do veículo (ladeira, subida, trânsito etc) e, em função disso, seleciona e mantém a marcha mais adequada para a condição encontrada. A atuação do ECT ainda evita mudanças desnecessárias de marcha, otimizando o desempenho e reduzindo o nível de emissão de poluentes e, claro, o consumo de combustível.

VERSÕES E PREÇOS

A nova geração do RAV4 chega às concessionárias Toyota de todo o país em três versões. A de entrada tem preço sugerido de R$ 96.900,00, vem equipada com motor 2.0, transmissão automática CVT e tração 4×2. A intermediária é oferecida por R$ 109.900,00 e é equipada com mesmo conjunto mecânico da primeira, só que com tração 4×4. E, finalmente, a top de linha, que também tem tração nas quatro rodas, custa R$ 119.900,00 e é a única equipada com o propulsor 2.5 e câmbio automático Super ECT de seis velocidades. Confira abaixo como ficou a gama e seus preços:

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Durante a apresentação do novo RAV4 para a imprensa especializada, tivemos a oportunidade de fazer um rápido test drive pela região de Itatiba, interior de São Paulo, em duas versões do utilitário. Primeiro, escolhemos a top de linha. Esteticamente, ela só se diferencia das demais pela presença do teto solar. Em compensação, sua motorização é bem mais forte: são 179 cv de potência máxima a 6.000 rpm e 23,8 kgfm de torque a 4.100 giros.

Já nos primeiros quilômetros do percurso pudemos sentir o “poder” do propulsor. De fato, “sobra motor”. Na longa reta da rodovia, a 100 km/h e em sexta marcha, travo o pé no acelerador e, quase instantaneamente, o câmbio reduz automaticamente a marcha, as rotações sobem e em poucos segundos o ponteiro do velocímetro ultrapassa a marca dos 160 km/h. Posiciono a alavanca no S (de Sport) e o RAV4 se mostra ainda mais voraz. Ops, fiscalização eletrônica a um quilômetro, melhor me conter.

Pit Stop. Hora de trocar de carro. Vou para a versão 2.0. Internamente, o mesmo acabamento. “Tem certeza de que esta versão é mesmo 2.0?”, pergunto ao meu companheiro de test drive. Ah, claro, não tem o teto solar. Arranco com vontade e os 135 cv respondem de imediato. O torque de 19,1 kgfm a 3.600 giros também não decepciona. Ganho velocidade e me surpreendo ao ver que já estávamos em sétima marcha! Caramba, não senti a troca de nenhuma! É, tem coisas que só uma transmissão com tecnologia CVT é capaz de fazer!

É por essas e outras que a Toyota acredita que apenas 10% das vendas do Novo RAV4 (estimadas em 800 unidades/mês) serão da versão top de linha. Afinal, o modelo 2.0 atende muito bem as necessidades de uso tanto urbano quanto rodoviário. A versão 2.5 fica quem gosta de um desempenho mais esportivo e ainda faz muita questão do teto solar.

* A jornalista viajou a convite da Toyota do Brasil