Data: 17/10/2017

Nissan promove expedição nos principais sítios arqueológicos do Brasil

Por: Amintas Vidal*

Em sua empreitada para aproximar a marca do povo brasileiro, a Nissan deu a partida em uma nova iniciativa. Após investir nas Olimpíadas do Rio, em 2016, a montadora japonesa está inovando ao somar cultura às tradicionais expedições para jornalistas automotivos e outros profissionais ligados à área. Além desta etapa em Minas, Piauí, Bahia e Mato Grosso do Sul terão seus legados arqueológicos explorados nos próximos eventos.

Lançada em março deste ano, a picape Frontier é o modelo oficial da expedição. Em sua décima segunda geração, importada do México na versão LE 4×4, única disponível, ela apresenta acabamento e equipamentos muito próximos aos dos sedans grandes da marca. Estrutura reforçada e mais leve, suspensão traseira que combina braços múltiplos ao eixo rígido, tração 4×4 e reduzida acionadas por controle elétrico, motor diesel 2.3 bi-turbo acoplado ao câmbio automático de 7 velocidades, sistemas eletrônicos de auxilio à transposição de obstáculos e outros para o controle direcional, ar-condicionado eletrônico de duas zonas e sistema multimídia completo com GPS são apenas alguns destaques do modelo sobre o qual publicamos matéria completa, no mês de seu lançamento, e que pode ser conferida  aqui no site.

Circulado por rodovias estaduais e estradas de terra, pudemos comprovar o desempenho da Frontier em um roteiro longo e exigente. Como toda picape com motor a diesel, nas arrancadas, em marchas mais reduzidas, as vibrações e ruídos do propulsor são sentidos na cabine, mas nas marchas mais longas, tudo muda. O silêncio interno predomina e o conforto acústico é semelhante aos dos sedans médios. Considerando a robustez da estrutura e das suspensões, o conforto de marcha também é muito bom. As oscilações da carroceria ocorrem em amplitude e frequência abaixo das apresentadas em picapes mais antigas, mas nesse caso, ainda distante do conforto apresentado por automóveis maiores. Em estradas bem pavimentadas as viagens são bem confortáveis, mas ao transitar sobre buracos e lombadas, lembramos que estamos em uma picape.

Foi na terra que a Frontier justificou sua rigidez. Com uma estiagem que já passava dos 100 dias, o piso de terra estava duro e com erosões. Diversos trechos tinham desníveis consideráveis entre os lados da pista, buracos de todos os tamanhos e as terríveis “costelas de vaca” por todos os lados. Com um chassi estruturado em “duplo C”, a picape mostrou boa resistência à torção, mantendo a tração e não apresentando barulhos estruturais ou deslocamento lateral excessivo entre cabine e caçamba. As suspensões também trabalharam com eficiência, copiando bem os desníveis do solo nos dois eixos. A suspensão traseira que usa mola helicoidal, braços múltiplos e amortecedores, confere ao tradicional eixo rígido traseiro uma eficiência de tração acima da média para a categoria, mesmo circulando com as caçambas vazia.

A existência de muitas pedras nessa época de seca levou a organização da expedição a optar em manter a calibragem máxima dos pneus para evitar eventual formação de bolhas aos mesmos. Isso sacrificou o conforto de marcha ao transpormos as já citadas “costelas de vaca”. O ideal nestes casos seria reduzir a pressão dos pneus e, se necessário, a velocidade de deslocamento para transpor as pedras com mais cuidado. A quantidade de poeira era enorme, mas a vedação eficiente das portas e do sistema de circulação de ar manteve a cabine limpa por toda a viagem. O sistema de ar condicionado de duas zonas climatizou a picape com eficiência. O Bluetooht do sistema multimídia permitiu fácil conexão e utilizamos por toda a viagem para reproduzir músicas armazenadas em nossos smartphones. Em três dias de expedição circulamos com bastante conforto nos bancos dianteiros, principalmente se considerarmos as condições desfavoráveis das vias. Por características inerentes a veículos com chassi e não com monobloco, andar no banco traseiro não foi tão confortável. Além do banco baixo em relação ao piso, as oscilações da picape são bem mais sentidas nessa parte da cabine.

O sistema 4×4 é acionado eletricamente, podendo a picape estar em movimento na velocidade máxima de 100 km/h. Ele foi utilizado por todo o trecho fora de estrada, mais da metade do percurso total, e se mostrou eficiente na tração sem “amarrar” muito o deslocamento da Frontier. O cambio automático permite a troca de marchas manualmente através da alavanca de seleção, mas seu gerenciamento eletrônico é pouco permissivo para esse recurso e apenas aceita as trocas quando o giro do motor não for sofrer alterações bruscas.  Essa nossa segunda experiência com a Nissan Frontier foi muito positiva é só veio reforçar a impressão que tivemos da picape durante seu lançamento: ela está pronta para encarar as líderes do segmento em pé de igualdade e com um custo benefício muito competitivo!

Nessa etapa mineira nós exploramos os sítios arqueológicos com maior relevância histórica e com os principais acervos de arte rupestre do Estado. Eles se encontram na triangulação entre os municípios de Lagoa Santa e Matozinhos e a região da Serra do Cipó, abrangendo outros municípios e distritos inseridos nessa área. Foram 3 dias de expedição , sendo o primeiro e o último nas áreas de vale e o segundo nas montanhas.

Iniciamos o primeiro dia conhecendo a Lapa Vermelha (Pedro Leopoldo), local de importância histórica, pois em um dos seus abrigos foi feita uma grande escavação nos anos setenta pela Missão Francesa coordenada pela Dra. A. Laming-Emperaire. Dentre muitos outros vestígios foram também encontrados os ossos de uma mulher datado de aproximadamente 11 mil anos.  Batizada de Luzia, nome dado pelos pesquisadores, trata-se do fóssil humano (Homo sapiens) mais antigo encontrado na América, com cerca de 12.500 a 13.000 anos. Essa gruta já era mundialmente famosa pelos trabalhos do dinamarquês Peter Lund (1801-1880), que entre 1835 e 1845 descobriu milhares de fósseis de animais extintos da época Pleistoceno, além de 31 crânios humanos em estado fóssil, achado que passou a ser conhecido como o Homem de Lagoa Santa.

Em seguida conhecemos a Fazenda Samambaia (Lagoa Santa), voltada à produção de gêneros alimentícios no vale do rio das Velhas, ela foi restaurada e entregue para gerenciamento do Parque Estadual do Sumidouro-PESU. Visitamos o primeiro sítio com arte rupestre da expedição, a Lapa da Samambaia. Trata-se um grande abrigo onde há figurações rupestres pintadas, sobretudo, nos nichos das rochas, além de incisões em blocos que se encontram na parte medial do paredão. Passamos pela fazenda Girassol, degradada por uma grande queimada, onde fizemos o plantio de diversas mudas de ipé. Visitamos o complexo da Gruta da Lapinha (aberto à visitação pública), conhecendo o museu Peter Lund e suas cavernas repletas de belas formações calcárias.

Após almoço, seguimos para a Lapa do Sumidouro (Pedro Leopoldo), paredão situado no entorno da Lagoa do Sumidouro com muitas figurações rupestres atribuídas à Tradição Planalto. Para visualizar melhor as pinturas, há serviço de visitação gerenciado pelo Parque Estadual do Sumidouro, sistema composto por mirante, plataformas e placas de orientação que, recentemente, receberam patrocínio da Nissan para reformas e ampliação estrutural. No mesmo sítio, conhecemos a Gruta do Sumidouro, local onde Peter Lund também retirou ossadas de homens e animais remotos, levantando a hipótese da antiguidade humana ser maior, de pelo menos de 12 mil anos nessa região. Encerramos o dia na Casa de Fernão Dias, patrimônio Cultural tombado pelo IEPHA. Completamente restaurada, a casa teve sua estrutura de adobe e pau a pique demonstrada em quadro na parede conforme as características originais da época. Atrás da casa foi construído um anexo onde funcionam áreas de apoio administrativo e à visitação ao Circuito Sumidouro.

Em nosso segundo dia, visitamos apenas um sítio arqueológico, mas o mais impressionante de todos. A Lapa da Sucupira (Santana do Riacho) é um paredão à beira do rio Parauninha onde há inúmeras figurações atribuídas a Tradição Planalto. Esse acervo impressiona pela quantidade, conservação e variedade de pinturas rupestres. São inscrições que retratam animais como veados, peixes, desenhos geométricos e desenhos de figuras humanas. As pinturas apresentam cores que vão do vermelho, ocre e até branca. O risco de depredação destas inscrições é muito grande, pois o sítio arqueológico encontra-se fora de uma área de proteção. Ele está fechado para visitação pública e é preservado apenas pelos cuidados dos moradores da fazenda onde se encontra. Na segunda parte do dia, visitamos a Cachoeira Lajeado (Morro do Pilar) e o Mirante do Juquinha, monumento criado em memória a um andarilho que distribuía flores aos desconhecidos na região e se tornou o símbolo da Serra do Cipó.

No terceiro e último dia, descemos a serra para retornar ao município de Matozinhos. Visitamos a Lapa Cerca Grande, paredão situado no distrito de Mocambeiro onde há inúmeras figurações rupestres atribuídas a Tradição Planalto e outros estilos. Local foi visitado por Lund e tantos outros pesquisadores, dentre eles, W. Hurt da Universidade de Dakota e do O. Blasi do Museu Nacional do RJ. Os resultados das análises indicou um nível arqueológico datado de dez mil anos atrás. O mais interessante foi observar que existem desenhos sobrepostos aos da Tradição Planalto que são, por características gráficas, da Tradição Nordeste, isto é, comprovam que povos que habitavam o Nordeste brasileiro desceram para o sudeste. A diferença etária entre os dois registros é estimado em três mil anos.

A última parada arqueológica da Expedição Nissan foi na Lapa Vargem da Pedra. Na mesma região da Lapa Cerca Grande, é uma afloração geológica com menor área ocupada, mas igualmente alta e importante historicamente. Nela foram encontrados registros de ambas as tradições mas, neste caso, nas faces correspondentes à localização de seus povos: na face nordeste da rocha, a Tradição Nordeste e na face sul, a Tradição do Planalto. Apesar de serem lapas muito próximas, a marcação de território seguiu uma conduta diferente e curiosa. Todo este roteiro histórico e pouquíssimo conhecido até por nós mineiros, foi organizado e apresentado aos expedicionários pela professora Alenice Baeta, pós-doutora em arqueologia e pesquisadora da UFMG. Além de diversos funcionários que nos receberam em cada sítio visitado, tivemos o acompanhamento do gerente técnico do Parque Estadual do Sumidoro, Rogério Tavares, no primeiro e no terceiro dia da expedição.

 

*Participou da expedição a convite da Nissan do Brasil

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