Data: 28/06/2013

Motor de três cilindros faz sua estreia no Fox Bluemotion

Por: LICINÁIRA BARROSO, de Campinas*

Com o novo propulsor de três cilindros e 12 válvulas, o Fox BlueMotion se torna o modelo mais econômico da Volkswagen no Brasil. Isto é, enquanto o up! – subcompacto que irá substituir o Gol G4 – não chega.

Um dos mais importantes lançamentos – quiçá o mais – da Volkswagen em 2013, o up! (sim, escreve assim mesmo, com letra minúscula e exclamação) só será lançado em setembro. O carrinho que é sucesso na Europa terá suas particularidades brasileiras, entre elas a motorização Total Flex 1.0 de três cilindros e 12 válvulas, que se destaca pela economia de combustível e que foi considerado pela própria Volkswagen como o motor mais moderno e eficiente já produzido pela marca no Brasil!

Mas não será necessário esperar nenhum minuto a mais para ter um carro com esse revolucionário propulsor. Isso porque a montadora alemã resolveu introduzi-lo em outros modelos da marca, sendo o primeiro o Fox BlueMotion 2014 que acaba de chegar às concessionárias com preços entre R$ 32.590,00 (versão duas portas) e R$ 34.090,00 (quatro portas).

Nesses preços, o modelo já sai de fábrica equipado com duplo airbag, freios ABS (antitravamento das rodas) com EBD (distribuição eletrônica de frenagem), sistema ESS (que aciona as luzes traseiras de forma intermitente em uma frenagem de emergência), direção eletro-hidráulica, computador de bordo, chave canivete, banco do motorista com regulagem de altura, indicador digital de consumo instantâneo de combustível e indicador de troca de marchas, entre outros.

Custando R$ 750,00 a mais do que o Fox 1.0 de quatro cilindros, a nova versão BlueMotion é mais econômica em 16% quanto abastecida com gasolina e em 17% com etanol. “Ou seja, se você roda 20 mil quilômetros a cada 12 meses, em um ano você paga essa diferença”, garantiu Henrique Sampaio, gerente de Marketing da VW do Brasil, durante a apresentação do novo hatch à imprensa especializada, na última quarta-feira, em Campinas.

Confira abaixo os números de consumo do Fox BlueMotion 1.0l 12V divulgados pela montadora:

COMBUSTÍVEL URBANO ESTRADA COMBINADO
GASOLINA 12,7 km/l 14,4 km/l 13,3 km/l
ETANOL 8,8 km/l 9,9 km/l 9,3 km/l

 

SEGREDOS DO CORAÇÃO

Calma, não vai começar nenhuma novela mexicana. O subtítulo acima é para destacar o que o novo propulsor (que é o coração de um automóvel) tem para ser tão mais econômico do que o quatro cilindros de mesma cilindrada (999 cm3).

Pois bem, um dos “segredos” está na sua construção mais leve. Ele possui bloco e cabeçote feitos em alumínio, o que colabora para reduzir o peso do conjunto. “Na verdade, apenas a camisa, que é onde corre o pistão, é em ferro fundido”, destacou Roger Guilherme, gerente de Engenharia Powertrain da Volkswagen.

Comparado ao motor 1.0 de quatro cilindros, o novo três cilindros (batizado de EA211 1.0l) é 24 quilos mais leve. Além do menor número de componentes (como biela, pistão e mancais) por ter um cilindro a menos, tem menor perda de calor. Os cilindros têm maior diâmetro (são 74,5 mm, com 76,4 mm de curso), o que permite melhor enchimento da câmara de combustão.

Combinada a essa característica está a vela de ignição posicionada no centro, entre as válvulas de admissão e escape. “Como a vela está em uma posição central, ela garante melhor frente de chama, em maior velocidade e eficiência na queima da mistura ar-combustível”, explicou o engenheiro Roger Guilherme.

Bielas e virabrequim também foram otimizados. As primeiras ganharam um novo desenho e ficaram 20% mais leves do que as convencionais. Já a árvore de manivelas agora conta com menor quantidade de contrapesos e o diâmetro de seus mancais principais foi reduzido.

MAIS INOVAÇÕES MECÂNICAS

A redução do consumo de combustível e emissões também se deve à construção do cabeçote do propulsor EA211 1.0l. Com quatro válvulas por cilindro, ele tem comando de admissão variável — lembrando que a variação é contínua, o que não apenas reduz o consumo e emissões como melhora sensivelmente a resposta do motor em baixas rotações.

Além disso, as válvulas são acionadas por balancins roletados (RSH, sigla para o termo alemão Rollenschlepphebel), recurso que minimiza o atrito entre os componentes e aprimora sua eficiência.

A construção da tampa do cabeçote também é inovadora, em um processo que integra os eixos de comando (admissão e escape) e os cames de acionamento das válvulas permanentemente sem a necessidade de solda. Esse design permite a redução do diâmetro dos mancais dos eixos e, consequentemente, de atrito.

Outro detalhe que vale a pena destacar é o novo desenho das polias de acionamento dos eixos de comando de válvulas que é trioval, o que permite estabilização da força na correia dentada e de sua flutuação angular. Esse recurso, além de minimizar atrito e vibração, aumenta a durabilidade do sistema. Entretando, de acordo com o gerente Executivo de Desenvolvimento de Produto da VW do Brasil, José Loureiro, o período recomendado pelo fabricante para a troca da correia dentada não sofreu alteração. O óleo indicado também é o mesmo do motor 1.0 de quatro cilindros.

SEM TANQUINHO RESERVA

Além de toda essa modernidade, o três cilindros do Fox BlueMotion é o primeiro motor do País nessa faixa de cilindrada a receber sistema de partida a frio que dispensa a utilização do tanque auxiliar para gasolina. Evolução do sistema introduzido no Brasil de forma pioneira pela Volkswagen no Polo E-Flex, em 2009, o sistema é gerenciado pela Unidade Eletrônica de Controle (ECU) do motor. O combustível é aquecido em câmaras ao lado das válvulas injetoras e opera com temperatura ambiente abaixo de 17,5°C.

A partida do motor é assistida, o que significa que não é necessário manter a chave acionada para que ela se processe – basta um leve toque na chave para a ECU comandar todo o processo de partida. Como pré-requisito, a partida só é possível se o motorista acionar completamente o pedal de embreagem. O instrumento combinado alerta o motorista para efetuar esse procedimento.

MAIS POTENTE E FORTE

Produzido em São Carlos, no interior de São Paulo, o motor EA211 tem potência máxima é de 75 cv a 6.250 rpm, quando abastecido com gasolina, e de 82 cv à mesma rotação, com etanol. O torque máximo é de, respectivamente, 9,7 kgfm (gasolina) e 10,4 kgfm (etanol), e ocorre a partir de 3.000 rpm e se mantém por longa faixa de rotações. Já a partir de 2.000 rpm mais de 85% do torque máximo está disponível.

Segundo a Volkswagen, quando abastecido com gasolina, o Fox 1.0l BlueMotion acelera de 0 a 100 km/h em 13,5 segundos e atinge velocidade máxima de 166 km/h. Com etanol, são 13,2 segundos para a aceleração de 0 a 100 km/h e 167 km/h de velocidade máxima.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Nosso primeiro contato com o Fox BlueMotion 1.0l 12V foi no estacionamento do hotel Royal Palm Plaza, pouco minutos antes de começar o test drive de aproximadamente 100 quilômetros organizado pela Volkswagen pela região de Campinas.

Enquanto aguardava o “sinal verde” para sair com o carro, fiquei observando o design externo. Assim como acontece nos demais modelos da família BlueMotion, cada detalhe, inclusive o desenho das calotas, foi elaborado com o objetivo de minimizar o arrasto aerodinâmico.

A grade frontal superior, por exemplo, ganhou formato diferenciado, com desenho exclusivo e aberturas mais estreitas. Já a grade inferior teve seu perfil nas laterais também alterado, permitindo maior fluidez do ar.

Os pneus são os chamados “verdes”, ou seja, de baixa resistência ao rolamento, com aumento na aplicação de sílica em sua composição. Na medida 175/70 R14, eles oferecem menor área frontal e, consequentemente, menor arrasto aerodinâmico do que os pneus do Fox 1.0l de quatro cilindros, que vem equipado de fábrica com pneus 195/55 R15.

Além disso, a pressão de enchimento dos pneus do Fox 1.0l BlueMotion é maior, passando de 29/28 PSI para 36/34 PSI (dianteiro/traseiro), o que, segundo a Volkswagen, permitiu obter uma redução na resistência ao rolamento da ordem de 35%. Ainda de acordo com a montadora, para lidar com essa maior pressão dos pneus, a suspensão recebeu calibração específica para preservar as condições de conforto e dirigibilidade do Fox — o que acabei comprovando, na prática, durante o teste.

Mas o que mais me impressionou nesta nossa primeira avaliação não foi o conforto ao rodar, nem mesmo a economia de combustível alcançada (nosso computador de bordo registrou 18,3 km/l na estrada e 12,8 km/l em trecho urbano), mas sim o desempenho do propulsor de três cilindros.

Pesando 29 quilos a menos do que o Fox 1.0 de quatro cilindros, e apresentando mais potência e torque em baixas rotações, o Fox BlueMotion é bem mais ágil no trânsito urbano e valente nas ultrapassagens. Apesar de a transmissão MQ200 ter tido suas relações alongadas em até 10%, o prazer de dirigir o Fox não foi comprometido.

É bem prazerosa também a sinfonia (não confunda com ruído) que sai debaixo do capô — nem um pouco parecida com aquele barulhinho de enceradeira de alguns motores 1.0 da concorrência…

* A jornalista viajou a convite da Volkswagen do Brasil

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