Data: 23/09/2013

Aventura tamanho família

Por: LICINÁIRA BARROSO Fotos: EDUARDO LOZZI     

Avaliamos a versão V6 a gasolina do Chevrolet Trailblazer, que impressiona pelo espaço interno e desempenho no fora-de-estrada. Os pontos negativos ficam por conta do consumo (média de 5,6 km/l em uso misto) e do conforto em pisos irregulares: assim como sua antecessora Blazer, ela brinca de pula-pula com os passageiros ao passar por lombadas e ondulações maiores.

Durante uma semana, o AUTOPISTA fez uma avaliação completa no grandalhão da Chevrolet: o Trailblazer. O modelo cedido pela montadora para nosso teste foi um LTZ V6 a gasolina, que hoje tem preço inicial de R$ 133.000,00, ou seja, cerca de 10 mil reais mais barato de quando foi lançado em novembro do ano passado — pois é, a montadora teve que”apertar a gravata” e readequar os valores para fazer frente à concorrência.

Além dos itens de série — como tração 4×4, sete lugares, bancos em couro, airbags frontais e de cortina, ABS (anti-travamento das rodas), EBD (distribuição eletrônica de frenagem), ESP (programa eletrônico de estabilidade), TCS (sistema de controle de tração) e sensor de estacionamento traseiro — o “nosso” Trailblazer dispunha de alguns acessórios que são comercializados a parte nas concessionárias, entre eles a central multimídia touchscreen com sistema de navegação e um equipamento imprescindível para um SUV do porte deste Chevrolet: a câmera de ré .

Com dimensões generosas (4,878 m de comprimento por 1,902 de altura e 1,841 m de altura), o SUV é ideal para grandes famílias. São 7 lugares, sendo que os dois assentos da terceira fileira podem ser rebatidos separadamente e sem muito esforço, fazendo com que o bagageiro fique plano e cresça de 205 litros para 554 litros de capacidade volumétrica.

Mas, para chegar até a última fileira, é preciso de um pouco de contorcionismo, ou então, de ser criança. Aliás, se você tiver mais do que dois filhos pequenos terá problemas, pois todos vão querer “sentar no porta-malas”! — meu Deus, como eu ouvi isso nesses dias de testes!

E é bom ressaltar que mesmo quem vai no “fundão” viaja seguro, afinal, todos os sete assentos possuem encostos de cabeça e cintos de três pontos retráteis (inclusive para quem viaja no meio da segunda fileira). Além disso, os airbags de cortina (de série) cobrem as três fileiras.

Os passageiros dos bancos de trás também são agraciados com o controle adicional do ar condicionado, que é instalado na parte traseira do teto, juntamente com quatro saídas de ar. E isso sem falar dos porta-copos e apoio para os braços da terceira fileira. Uma mordomia!

Ainda no quesito “boa vida”, o interior do Trailblazer não chega a ostentar luxo, mas tem seus toques de requinte, como, por exemplo, o acabamento em couro claro que contrasta com o painel escuro de iluminação Ice Blue. Além disso, os materiais são de qualidade, com arremates bem feitos.

PERFORMANCE ON ROAD

Pois bem, era chegada a hora de colocar o Trailblazer na estrada! Todos em suas posições: filhos na terceira fileira, amigos na segunda, maridão no assento do carona e eu, é claro, ao volante!

Com a ajuda do estribo lateral e da alça localizada na parte interna da coluna A, subi (literalmente) até o banco do motorista. Fácil mesmo foi encontrar a melhor posição para dirigir com os seis ajustes elétricos do banco. Entretanto, senti falta da regulagem de profundidade na coluna de direção (que é regulável apenas em altura).

Já no quesito ergonomia, o SUV da Chevrolet tirou nota máxima! Todos os comandos caíram como luvas em minhas mãos. O volante também agradou, tem boa pega e conta com os comandos do sistema de som, Bluetooth e piloto automático.

Apesar de eu achar que um automóvel de R$ 133 mil merecia uma direção no mínimo elétrica, a direção hidráulica do Trailblazer mostrou-se leve nas manobras e firme em altas velocidades.

No asfalto (sem buracos), a dirigibilidade desse SUV impressionou. Mesmo pesando mais de duas toneladas e com sete ocupantes, o Trailblazer respondeu a todas as minhas investidas no pedal do acelerador, realizando, em todo o percurso, ultrapassagens com total segurança.

Segundo dados da montadora, o Trailblazer atinge máxima de 180 km/h e faz de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos. Mérito do bem escalonado câmbio automático e do possante (239 cv de potência) e forte (33,5 kgfm de torque) V6, que é dotado de comando de válvulas variável e que, por incrível que pareça, ainda conta com um sistema de alimentação tradicional — imagina se ele oferecesse injeção direta!

Mas, foi só o piso piorar para todo o encanto inicial desaparecer, e o príncipe virar um sapo — ou pelo menos pular feito um sapo! Ou quase isso. Exageros à parte, o que aconteceu foi que, ao chegar em uma estrada pessimamente pavimentada, o SUV balançou, a direção ficou instável e as imperfeições do asfalto foram transferidas para dentro do habitáculo. Nem mesmo a excelente suspensão traseira multilink combinada com eixo rígido eliminou esse desconforto.

AUDÁCIA NO OFF ROAD

Já sei, já sei. Você vai dizer que é “um dó jogar um SUV de mais de R$ 100 mil na lama”. Acontece, caro leitor, que o Trailblazer nasceu para isso! Com tração nas quatro rodas, excelente altura do solo (23,2 cm) e bons ângulos de ataque (32°) e saída (21°), o modelo não apenas sai da lama, como também enfrenta os piores caminhos com a maior destreza.

E lá fomos nós, desbravar a região de Brumadinho (cidade próxima a Belo Horizonte)! Mas antes de enfrentar os piores tipos de terreno, acionei o 4×4 e a reduzida através de um seletor localizado ao lado da alavanca do câmbio (é bom destacar que a até 120 km/h, pode-se engatar a tração, e a até 40 km/h, a reduzida).

Mesmo estado calçado com pneus de uso urbano (265/60 R18), o “audaz” Trailblazer não “amarelou”. Em todo o trajeto, ele venceu pisos barrentos, passou por crateras, escalou e desceu ribanceiras, sempre esbanjando agilidade e segurança. Aliás, um recurso muito interessante que o SUV da Chevrolet oferece é o assistente de descida, que mantém uma velocidade segura do carro, sem a intervenção do motorista.

De volta à cidade, o Trailblazer passaria os próximos dias assumindo o papel de veículo da mulher empresária, mãe de família e dona de casa. Ou seja, o trajeto agora seria casa, trabalho, supermercado e escola das crianças.

Mesmo com seu porte um tanto exagerado, foi tranquilo fazer todos os meus afazeres com o SUV. O único problema foi o de achar vagas do tamanho ideal para o grandalhão nas ruas mais movimentadas.

Outro incômodo foi o de ver o ponteiro do mostrador de nível de combustível despencar logo nos primeiros dias de uso do SUV. Em nossa média de consumo, o Trailblazer fez 5,6 km/h.

Enfim, se você está pensando em comprar um SUV de grande porte, com sete lugares e que oferece um desempenho exemplar no fora-de-estrada, o Chevrolet Trailblazer pode ser um forte candidato à sua vaga de garagem, desde que você não faça questão de economizar seu dinheiro na hora de abastecer e nem a sua coluna na hora de passar por pisos mal pavimentados.

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